O anúncio da alta de R$ 0,10 do diesel, na noite de quarta-feira, 17, dividiu a categoria dos caminhoneiros. Uma ala já se articula para uma paralisação no dia 29 de abril, mas outra turma aposta nas negociações com o governo e prefere esperar.
O caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedéco, considerado um
dos líderes da greve de 2018, diz que não tem outra alternativa a não
ser decretar uma greve. “Alguns grupos nossos decidiram que vamos parar
no dia 29 a partir das 0h. É o prazo que o governo tem para resolver
esse impasse”, afirma ele.
Uma outra liderança dos caminhoneiros, Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirma que há bom diálogo com o governo. “Claro
que estamos insatisfeitos, mas estamos buscando uma solução e o governo
está com as portas abertas para o diálogo. Está funcionando”, afirma.
Segundo ele, a categoria precisa ter paciência e entender que as
mudanças não vão acontecer repentinamente.
Uma das demandas dos caminhoneiros é a melhora na fiscalização
da tabela do frete mínimo, adotada pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) após a greve em 2018. Em reunião com a
categoria, o governo disse que, a partir da próxima semana, começará no
Espírito Santo um projeto-piloto para implantação do DT-e (Documento de
Transporte Eletrônico), que será exigido nos transportes de carga e só será emitido se o valor do frete obedecer aos pisos mínimos estabelecidos.
Na visão dos motoristas, a medida ajudaria a evitar fraudes,
mas não é suficiente para resolver a questão. “Se ele vai fazer o teste
no Espírito Santo, estado com fluxo de carga bem pequeno, que faça no
Brasil inteiro”, completa Dedéco
Outros representantes tentam apaziguar a situação. Alguns dizem que
não acreditam em uma nova paralisação por causa da situação financeira
precária da categoria. “Está todo mundo quebrado”, afirma Bruno
Tagliari, uma das lideranças do Sul. Ele diz que uma paralisação
impediria que ele pagasse a despesa fixa, de 6.000 reais por mês.
Apesar da frustração, também há boa vontade por parte dos
caminhoneiros em dar mais tempo para o novo governo, segundo Ivar Luiz
Schmidt, um dos líderes do Comando Nacional do Transporte (CNT) no
Nordeste. A maioria votou em Jair Bolsonaro para presidente e ainda
espera que ele faça alguma coisa pelos motoristas, de acordo com o
caminhoneiro. Ainda assim, motoristas afirmam, em relatos de motoristas
publicados em redes sociais, que “paciência tem limite”.
Nos grupos de WhatsApp, as medidas dos últimos dias são vistas como
resultado da fragilidade da categoria, que não se valoriza. Outra
reclamação tem sido frequente entre eles: a insatisfação quanto à
representatividade da categoria em Brasília. Muitos tentam se articular
para conseguir colocar outras lideranças no Planalto e emplacar as reais
reivindicações.
Procurada por VEJA, a Confederação Nacional dos Transportadores
Autônomos diz não saber nada sobre a movimentação de greve para o dia 29
de abril.
Fonte/pesquisa/créditos: https://veja.abril.com.br/economia/reajuste-do-diesel-divide-caminhoneiros-e-ala-fala-em-greve-dia-29/