O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Sergio Etchegoyen, afirmou que "infiltrados" ainda mantêm alguns pontos de manifestação de caminhoneiros nas estradas brasileiras nesta quinta-feira (31).
Em entrevista coletiva em Brasília, Etchegoyen afirmou que a greve acabou há dois dias e que, desde então, o governo não trata mais com as lideranças da categoria para liberar os bloqueios e dispersar as manifestações que ainda continuam.
— Há dois dias já vínhamos dizendo que não lidamos mais com movimento de caminhoneiros, mas sim com bloqueios criminosos, até mesmo por infiltrados nas estradas.
O Porto de Santos, no litoral de São Paulo, e a Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), ainda estavam parcialmente bloqueados na manhã de hoje, mas foram liberados com auxílio das Forças Armadas.
Segundo Etchegoyen, não há mais bloqueios nas estradas brasileiras, mas ainda é possível encontrar "concentrações". Segundo ele, são locais onde há "quantidade de caminhões juntos, reunidos, em determinado lugar, mas que não provocam interdição da pista".
— Essas concentrações significam para nós a necessidade de cuidar do trânsito. Hoje é feriado, então hoje vão para as estradas pessoas que não estão acostumadas no dia a dia a estar em estradas.
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, também afirmou na coletiva que não há registro de bloqueios em rodovias federais até as 12h de hoje.
— Nós estamos chegando ao fim. Todas as rodovias estão com tráfego normal.
Sobrinho também confirmou a manutenção de "poucos pontos de aglomerações". A informação contraria o boletim divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) às 11h, que "não registra pontos de aglomeração de pessoas e veículos em áreas próximas às rodovias federais ou qualquer outra anormalidade no fluxo normal de veículos".
Uso das Forças Armadas
Durante os cinco dias de atuação das Forças Armadas nas manifestações dos caminhoneiros, o governo priorizou o fornecimento de necessidades essenciais à população, explicou o almirante Sobrinho, o que "permitiu que o abastecimento voltasse à operar com normalidade".
Ele disse, no entanto, que foi necessário o uso da força em algumas situações, mas sem violência.
— Evitamos ao máximo o confronto, mas em alguns pontos tivemos que usar a força. Mas jamais usamos a violência.
Etchegoyen lamentou a morte de um caminhoneiro em Rondônia, mas comemorou que não foi necessário usar a violência contra manifestantes.
— Temos muito a celebrar que o governo e suas forças federais não foram foco de violência, ou alteração no uso da força. O uso da força não é necessariamente o uso da violência. Há protocolos, técnicas que foram usadas pelas forças. Vem de disposição que desde o início foi demonstrada, de diálogo, negociação e só depois agir coercitivamente se necessário.
Locaute
Etchegoyen declarou ainda que um empresário foi preso por suspeita de incentivar a paralisação de caminhoneiros iniciada em 21 de maio.
— Hoje pela manhã tivemos a primeira prisão preventiva de um empresário pelo exercício de locaute, bastante envolvido em ações [da greve].
A participação de empresários em uma greve, prática conhecida como locaute, é proibida pela legislação.
O general não informou o nome do empresário e nem a empresa, só disse que a prisão foi no Rio Grande do Sul. Ele explicou que a Polícia Federal mantém nome e empresa sob sigilo.
Fiscalização
O ministro substituto da Justiça, Claudenir Brito Pereira, afirma que haverá um trabalho conjunto de fiscalização para que a redução de R$ 0,46 no preço do diesel chegue aos postos de gasolina. O ministro Carlos Marun afirmou na quarta que a redução entrará em vigor a partir desta sexta-feira (1º) nas refinarias.
Os postos que praticarem abusos de preços serão repreendidos com multas que podem chegar a R$ 9 milhões, suspensão temporária das atividades, interdição dos estabelecimentos e cassação das licenças.
— O próprio setor já assumiu o compromisso de fazer essa redução. Isso deve ocorrer. É claro que estamos diante de uma economia sofisticada e isso não vai acontecer hoje, no dia da implementação da medida.
O grupo de fiscalização será formado por Ministério da Justiça, Ministérios Públicos dos Estados, Procons, ANP e AGU.
Fonte/pesquisa: https://noticias.r7.com/brasil/ministro-diz-que-nao-ha-mais-bloqueios-mas-protestos-continuam-31052018